Monday, July 07, 2014

Lições da Copa

A Taça do Mundo é nossa, com Brasileiro não há quem possa, cantávamos a marchinha em 1958, celebrando a conquista do nosso primeiro campeonato. Época de ouro do futebol nacional, o escrete canarinho era formado por nomes que fariam a história do futebol mundial, até então, desconhecidos, e não custavam milhões. Eram apenas um bando de jogadores que sabiam mesmo é trabalhar com a gorduchinha.. O selecionado tinha a pressão de 50, ano que o Brasil, em casa, perdeu a final para o Uruguay. O evento certamente não era nada parecido com o que temos hoje. A festa não era tão grandiosa e nem atraia milhões de espectadores. Não havia televisão. Hoje jogamos pelo sexto campeonato, os jogadores já são celebridades e valem milhões, com todos os jogos transmitidos ao vivo, por tv, cabo ou internet. E nosso selecionado tem grandes chances de repetir 58 e o fantasma 50 ainda ronda o Maracanã, mesmo que reformado. 

Ser o país anfitrião da  Copa, sem dúvida alguma rendeu ao Brasil algumas lições, assim eu espero. 

O Brasil aprendeu que ser patriota, e cantar o hino nacional, até arrepiar todos os pêlos do corpo, em alto e bom som, é uma coisa fantástica. Aprendeu que patriotismo não é coisa de Norte Americano republicano, e que sim, isso trás mais sentido de Nação. 60 mil vozes em um único coro, "pátria amada, Brasil”, tem um poder gigantesco e veste a décima segunda camisa amarela. 
Aprendeu também que tem a capacidade de fazer coisas certas, e que somos competentes, mesmo aos trancos e barrancos. Como bom aluno, sabe agora que tem muito chão pela frente até a graduação. Ainda estamos no primário. Aprendeu que é preciso mostrar para o mundo que, o Brasil, é mais que samba, mulher pelada, bunda, cerveja, carnaval e putaria. 

Abriu o olho para ver que nem tudo que reluz é ouro, e que os novos estádios não são pérolas e rubis. Aprendizado parece ter doído ao ver as cifras gigantescas da conta, que geraram protestos e mais protestos, colocando o Brasil na mídia internacional, pelas desigualdades sociais e não pelo seu futebol. O Brasil aprendeu também que os protestos estão atrasados e deveriam ter sido feitos muito antes da escolha do Brasil como sede. Talvez há 12 anos atrás, ou até mesmo, antes disso. Os protestos dos R$0.20 ou do “não se faz Copa com hospitais” ou até o apocalíptico “não vai ter Copa” mostrou para o mundo todo e especialmente para o próprio Brasil que é preciso tomar as rédeas e honrar a bandeira e fazer o que nela já esta dito: ordem e progresso. É preciso andar pra frente.

E foi com esses protestos que o Brasil aprendeu o significado da palavra hipocrisia. Bastou o juiz apitar o começo do jogo, que todo mundo que gritava não vai ter Copa, virou a casaca e começou a torcer pela Seleção. Foi aí que aprendeu que é preciso ter palavra.

Mas o que eu espero mesmo que o Brasil tenha aprendido é a lição Japonesa: é preciso a limpar a própria sujeira.

Notas* : O Brasil jogas as semi-finais amanhã contra a Alemanha. 
Música: A taça do mundo é nossa
Por Fernando Katayama, Toronto, On Canada 7 July 2014


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Tuesday, April 22, 2014

E agora?

Hoje recebi da Dona Maria Lúcia, minha comadre, que é mãe da minha outra comadre Mariana, que por sua vez, é casada com meu compadre Carlos, uma provocaçãozinha Facebookiana. Sabendo ela, das minhas inquietações políticas, Dona Maria Lúcia, manda um tag em uma imagem. E pergunta, é agora?
Deu coceira, e não resisti à resposta.

A imagem diz: “Recapitulando | Votar em branco Votar nulo Anular voto Não votar | Significa votar no PT”

E eu não resisti e tive que dar meu pitaco:

Sou obrigado a discordar.
Significa que o eleitor não esta convencido de que existe nenhum candidato à altura.
Indo um pouco mais além, a obrigatoriedade do voto, é no mínimo, uma estranha obrigação, em uma Democracia. Exercer o direito, não pode ser uma obrigação, porque ai, sendo redundante, passa a ser obrigação, e não direito. Ser obrigado a exercer meu direito não me parece correto.
Infelizmente o povo brasileiro é alienado de sua democracia, não entende que, para haver mudança política, tem de haver a mudança na forma da escolha democrática.
Não existe escapatória para a politica nacional, se o sistema continua o mesmo. Pode ser o PT, o PSDB ou o PQP... é tudo farinha do mesmo saco. Política no Brasil é feita por amadores. Por aproveitadores. Por incompetentes administrativos.
Corruptos, cafajestes e oportunistas, com todo direito de ser, afinal, colocados lá, de forma legítima, até certo ponto. Fala ai o Tiririca, que era mais uma piada e hoje é deputado, e consagrou a piada com a lágrima de tristeza.
Nosso povo ignorante, que em época de eleição parece torcer para escola de samba ou em final de Copa do Mundo, escolhe seus pares, para gerenciar a nação.
Faça o voto ser voluntário. Que os políticos tenham que ser escolados. Mudará não só a qualidade do cidadão que vai sentar na cadeira, mas o comprometimento com o cidadão que o colocou lá.
Agora ir votar porque você é contra aquele ou a este sujeito, não é uma razoável decisão. Não esta convicto que seu voto é o certo, porque o fará? Para votar no "menos pior"? Para ser contra um, é a favor de um outro, que você também é contra?
Acredito que é preciso tomar decisões com sabedoria e convicção que está realmente fazendo o certo, mesmo que, depois prove-se errado. Mas no momento, naquele momento, foi sua convicção mais acertada. E por isso você pode e terá que responder a sua responsabilidade.
E isso é para a vida toda. Isso chama caráter. E é o que falta a nação brasileira.

Eu continuo com a minha cruzada contra o cata-vento, e insisto: Não vote.


Toronto, 22 April 2014

Tuesday, November 27, 2012

Futebol com as mãos


Já é outono, quase inverno. O frio bate à porta e alguns floquinhos de neve, já dão as caras, dizendo que o inverno tá, ali, na curva e vai ser frio. Todo ano é assim aqui, com exceção do ano passado que foi um inverno quente. Esse final de semana aqui em Toronto foi diferente. Tivemos a Grey Cup, que é a final do campeonato de Football, Canadian Football League. O football aqui é jogado com as mãos e bola oval. O evento foi especial, uma vez que esse foi a centésima vez que acontece, jogado na cidade onde foi criado e um dos times da final, é o time da cidade. O time venceu e trouxe para casa a taça. Fez o final de semana diferente.
Aqui nada acontece, é meio morno, sempre a sombra do irmão maior, the US. No esporte, no cotidiano e na política, é tudo morno. Coca sem gás. Flat. Mas hoje,  aconteceu uma coisa muito interessante. Coisa que, brasileiros, mesmo peritos em jogar futebol com os pés, ainda estão longe de entender.
Há dois anos atrás, o novo prefeito foi eleito. Gorducho, pinta de bonachão, foi eleito pelas classes operárias, com promessas bem conhecidas pelos brasileiros. Prometeu corte de impostos, melhorias nos sistemas e um mundo sem fim. Em dois anos foi um cara controverso, fazendo uma política barulhenta e cheia de por se não. Quebrou promessas, inventou estórias. Fez a lambança. Eu gosto dele porque é ótimo para falar mal, e faz a morna política canadense, um pouco mais interessante. O único ponto que concordo com ele, é a busca das “ineficiências” burocráticas, e então poupar  fundos. De resto, detesto ele.
Rob Ford, na verdade é um fanfarão. Vem usando da posição de prefeito para beneficiar amigos e a si próprio. Fanático por football, dedica-se como treinador a um time de moleques da cidade. Como prefeito, desviou dois ônibus da cidade para levar o seu time à uma partida, e vez trambique para usar de dinheiro de doação, uns 3 mil dólares. Tudo em prol das criancinhas. 
Acredito que, todos os brasileiros que estiverem lendo, já viram e já ouviram, coisas como essa, e alguns devem pensar, “mas isso não é nada, aqui roubam milhões”. Até exemplos como de D. Marisa, que ao sair do Palácio das Alvoradas, levou consigo algumas peças da casa, ou do ex-presidente Lula, que acredita que os presentes dado à ele, em viagens oficiais, os pertence. Ou, ou, ou, ou mais infinitos outros exemplos da política brasileira.
Disse anteriormente que esse final de semana foi um pouco diferente. Hoje pela manhã, um juiz arbitrou que o prefeito saísse da cadeira. Isso o prefeito foi deposto do cargo por uma coisa chamada conflito de interesse. Fez o uso indevido do poder público e foi pego mesmo pela trambicagem com o dinheiro doado.
O Brasil seria um país diferente se, coisas como essa, fizessem sentido lá. Mas acredito que mais fácil brasileiro aprender a jogar futebol com as mãos e bolas ovais.

Notas:  Todos os objetos no Palácio da Alvorada não pertence ao Presidente nem a seus familiares. Os presentes dados aos oficiais em viagens também não os pertencem. Tudo pertence a Nação.
Música: Partida de Futebol - Skank
Por Fernando Flitz Katayama, Toronto, On Canada 29 November 2012



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Thursday, September 27, 2012

Inútel! - Não Vote.

Era 1985 e eu estava em um ônibus escolar, indo fazer um estudo fora da escola. Era chamado “estudo do meio”, onde aquela criançada toda, ia visitar alguma coisa, em algum lugar e aprender coisas. O mais divertido do passeio era poder sair da escola, e ir fazer coisas fora do cerco. A viagem em si, ou melhor, o translado, de ponto A a ponto B, era o mais bacana. Além das paquerinhas da turma do fundo, a qual eu estava engajado, cantávamos as músicas que eram os hits da época. Na verdade não entendíamos muito, o que realmente o que dizia. Era aquela coisa de criança, ingênua, preocupado com a prova de matemática e com a mocinha do lado, e não sabíamos que muitas delas tinham algum mote.

Eu e minha turma, acompanhamos de perto a transição do período militar à democracia. Vi a votação de Trancredo Neves pela tv, mesmo que, sendo uma eleição indireta. Vi ele morrer. Foi dado como herói, mas depois vim a descobrir as histórias do Café com Leite. Vi também o movimento Diretas Já, com Ulysses Guimarães, FHC e Lula de mãos dadas no palanque. Vi a Democracia Corinthiana jogar e um gol de calcanhar do Dr. Sócrates contra o meu time do coração. Votei aos 16, na maior ingenuidade, sem saber de nada. Votei mais umas duas vezes, mas muito mais consciente do que fazia. Passaram-se uns anos e eu então, comecei a entender mais sobre democracia. Sobre o exercício da democracia e o que isso significa. Então, resolvi parar de votar e há alguns anos atrás comecei a minha campanha: Não Vote - contra a obrigatoriedade do voto.

E hoje, nessa eleição, entro mais à finco em minha campanha.

Estou mal impressionado com a falta de seriedade da política nacional e com a falta de valor que é dada a democracia. Não adentrarei ao espanto que tenho, ao ver o povo brasileiro, melhor economicamente, é verdade, mas olhando para a perspectiva socio-cultural, o abismo é maior do que o abismo econômico, da época da hiper-inflação de 1985. A imaturidade que eu tinha aos 16 anos, parece permanecer na cultura política nacional.

Ando pelas ruas e o que parece que eleição é final de copa do mundo ou dias de carnaval. Bandeiras, flâmulas, cartazes fazem a festa dos cabos eleitorais, que não entendem nada de representatividade, comprometimento e valores, e os candidatos também não. Os candidatos são, em sua grande maioria, despreparados à gestão pública. São pessoa que talvez até tenham boa vontade, mas de boa vontade o inferno tá cheio. Tem(1) o Serginho do Lanche e a Sueli do Bar, que vão providenciar a festa. O Roberto Mussum, vai fazer a piada, cacildis! O Enfermeiro Rogério vai levar o Engov. Tem até o Chupim, que deve ser o mais honesto de todos. E assim vai, dentre os 740 candidatos da minha cidade. É de dar medo. Precisamos de gestores públicos não advogadinhos de porta de cadeia, donos de bares ou ex-jogador de futebol e a garota da última Playboy.

O sistema de eleitoral é equivocado e míope. Confunde a democracia representativa com baderna. Políticos se escondem através de apelidos hilários e coligações absurdas. Não a seriedade. Não há comprometimento. E parece que todo mundo aqui quer mamar nas tetas do governo, e o único motivador dessa massa, é de fazer parte desse sistema deformado.

Ao meu ver, não deveríamos ser obrigado a ir lá exercer nosso direito ao voto. Leia de novo, direito ao voto. Se é direito, não pode ser uma obrigação. Sendo obrigado, não é uma atitude democrática. Democracia é baseada em direitos e deveres. Devo eu, cidadão, ser responsável e ir exercer meu direito, se assim o entender. Não ser obrigado, a exercer meu direito, que ai é uma obrigação, assim como para nós homens, ir nos alistar no Exército, e rezar para o excesso de contingente. Na democracia representativa, devemos ter o direito de voto e escolher quem nos vai representar. Porém, podemos também escolher se queremos ou não exercer ou abster. Vejam vocês que os nobres deputados, senadores, vereadores, têm esse direito democrático de abster-se do voto. Nós, o povo que ele representa, não. É uma incoerência absurda. Eu, sou obrigado a votar. O representante, não.
Indo um pouco mais além, acredito que, a mudança para voto facultativo, implicará na mudança do discurso, do político e do cidadão. O político terá que não só me convencer que é importante eu votar, e exercer meu direito de cidadão, mas que é importante a votar nele. Para me tirar de casa, será muito mais difícil. Ele terá que ter muito mais comprometimento para com o cidadão. Ao invés de 740 candidatos, deveríamos ter 30, no máximo, para a cidade toda. Afinal para se candidatar, é como uma corrida de 100 metros rasos nas Olimpíadas. O corredor passa por um milhão de seletivas para ver se é possível entrar para o time. Depois tem os milhões de provas seletivas, quartas de final, semi até finalmente chegar, às finais.

Aqui está tudo errado, e ser político não é representar o povo, mas sim representar-se ou à interesses de terceiros.

Cidadão, cumpra seu dever e NÃO VOTE. Pague a multa, faça churrasquinho na lage, vá à praia. NÃO VOTE. Mas se for votar, faça com consciência. Não faça por “protesto” ou “no menos pior” ou “contra o outro”. Faça com a convicção do seu coração.

E hoje, finalmente entendo o Ultraje à rigor: “ a gente não sabemos escolher presitende / Inútel” (3).

Notas* : 
1 - os nomes dos vereadores são verídicos: fonte: 
http://divulgacand2012.tse.jus.br/divulgacand2012/abrirTelaPesquisaCandidatosPorUF.action?siglaUFSelecionada=SP

procure por Campinas, e leia-os. Você deverá encontrar todos, com suas legendas e números.


2 - conheça um pouco de como funciona a Câmara do Deputados, por exemplo:


http://www2.camara.gov.br/atividade-legislativa/processolegislativo/fluxo/plTramitacao/plPlenario/conteudoFluxo/08.html
3 - o erro gramatical é proposital
Música: Inútil - Ultraje à rigor -  Vamos invadir sua praia - 1985



Por Fernando Flitz Katayama, Campinas Brasil Setembro 2012


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Monday, September 24, 2012

Batman e o Barbosa

Outro dia fui ao cinema. Peguei o super-telão, que eles chamam de iMax. É uma tela gigante. O som é de estremecer. Tudo para o efeito espetacular ser potencializado a máxima e assim dar mais envolvimento ao filme. Peguei o super-telão para ver o super-héroi. Com sua capa preta, automóvel fantástico e seu cinto de utilidades. Batman é um filme sombrio. O ricaço que não tem muito o que fazer e quer brincar com brinquedinhos, que qualquer um iria adorar. Milionário recalcado, Batman luta contra os bandidos e a corrupção da suja Gothan City. Fala pouco, mas bate muito. Batman é o único super-héroi que não tem super-poderes.

Outro dia liguei a televisão. Minha TV é das antigas, e andou dando defeito, na placa de sei-lá-o-quê e não no tubo, se não já era. Não é LED ou LCD, e muito menos HD. Mas quando liguei, ele estava lá. Em pé com sua capa preta. Gesticulava muito pausadamente, sem nenhum movimento abrupto. Dizem que é porque suas costas já não são mais a mesma da juventude. Às vezes, senta-se. Usava muito da sua voz e por incontáveis vezes, palavras pouco usuais do culto vernáculo português. Tratava por “vossa excelência” e utilizava verbos em tempos como indicativo pretérito mais-que-perfeito ou no subjuntivo pretérito imperfeito. Pouco usuais porque, vossa senhoria que lê, esta mal acostumada. Mas enfim, ele, sem soltar um sorriso, tentando por um bando na cadeia. Barbosa não é super-herói e não tem super-poderes.

Colocado lá no Supremo, como uma grande jogada política do ex-presidente, Batbosa, recusa ser chamado de “juiz negro”, e acredita que esta lá por sua jurisprudência, foi um tiro no pé do Luis Inácio. Hoje caça impetuosamente os comparsas Lulesco. Considerado pelo povo, como um diferente na cúpula governamental, Barbosa quer, ao menos é o que se parece, colocar ordem e mostrar que o Judiciário é autônomo e ainda existe.

Muitos já querem ele como o próximo presidente da nação. Benzadeus, que isso não aconteça. Esse país sem maturidade política e social, não está a altura de um homem como esse. Certamente, como presidente teria que se contorcer, conchavar e acoxambrar as coisas. Por panos quentes, sorrir na foto com o Zé Dirceu, e dizer que foi um equívoco do Dirceu, em um  momento de fragilidade, e que ele não sabia de nada. O Judiciário precisa de um jurista desse quilate e com seriedade. E seriedade aqui é palhaçada.

Barbosa tenta mostrar que pode-se ainda dar jeito, e luta contra seus pares, que têm rabo preso com o Planalto. Parece que ele, por muitas vezes, encarna Quixote, porque fazer isso, no país da bunda, é lutar contra o inimigo invisível.

Barbosa veste sua capa preta e sai pelas ruas de Brasília a caçar malfeitores de paletó e credencial presidencial. Ele precisaria de toda a Liga da Justiça para fazer o trabalho, mas parece que a Liga foi dissolvida por um movimento da CUT e por falta de verba. Eles não tinham caixa dois, que Lula, jura de pé junto, que nunca existiu, nunca viu e nem ouviu falar. Caixa dois pro Lula é a segunda caixa da direita pra esquerda, ou vice-versa, no supermercado.

Barbosa, vingador solitário, é mais louco que o Batman(1).


Notas* : (1) a expressão, mais louco que o Batman é a referência a alguém que vai fazer uma maluquice qualquer. o Batman é o único super-herói sem poderes, mas mesmo assim, luta desesperadamente contra o crime. Tem que ser louco, né?

Música:  Bicho de 7 Cabeças -  Zeca Baleiro

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Tuesday, January 24, 2012

Google It!


Mas uma vez, passei um tempo afastado da prática da escrita. Pergunto à mim mesmo o porquê, e logicamente, não tenho a resposta. Pode ser por pura vagabundagem, vida corrida, falta de assunto... Se bem que falta de assunto não é verdade. Temos tantos assuntos importantes para discutir que acho que deveria perder tempo com as celebridades instantâneas, criadas pelo Youtube, Google, Facebook e a tecla SAP do seu televisor LCD 3D High vison pro master. Mas cá estou eu de volta. Uns sorriem e outros dão-se um tapa na testa e torcem o bico, e pensam: puta merda!
Falando dessa tal tecnologia, que é uma corrida ao infinito, já que não tem fim os avanços tecnológicos. O que diria Capitão Kirk ao ver o Bluetooth na orelha da velhota enrugada como uma uva passa, sentada no parque, conversando sozinha, como uma lunática? - e eu tenho certeza que você já se pegou olhando pra alguém, e pensou, puta cara maluco, esta falando sozinho. E depois se deu conta que ele também tinha um Bluetooth. Capitão Kirk provavelmente ele diria: “Spok pega o phaser, e manda bala! É um Kinglon disfarçado!”
O que parecia ser estupidamente estúpido em 1960, é realidade hoje.
E às vezes, sinto que estamos cada vez mais, mais estupidamente estúpidos. A preguiça humana é tamanha que toda essa tecnologia, só nos faz ainda mais, mais preguiçosos. É de dar nos nervos. Acontece com todo mundo, e parece que é uma coisa comum. Certamente você já fez uma pergunta e a resposta foi simples: google it! Ou a resposta está no nosso website, vá lá ver. Oh minha senhora, se eu não estivesse na sua frente, talvez. Mas cá estou eu, em carne e osso. Não me de uma resposta mulambenta dessas.
É a preguiça e o desleixo. Preguiça de não se informar ou para parar pra pensar e desleixo com o outro. Seria melhor dizer, “eu não sei”, e assumir a sua própria ignorância. Todos somos ignorantes, acalme-se. 
Esse tipo de coisa me faz lembrar do telefone de pulso (dava o tom e pulsava os dígitos, pulso não esta relacionado à pulseira, neste caso) e disco de discagem, e quando ninguém atendia, o Tu (tu-tu-tu-tu) é quem dava as caras e não a voz sexy da máquina de recados. Dava até pra se esconder e dizer que não estava em casa para atender o telefone. Se você disser isso hoje, a patroa vai te perguntar onde é que você deixou as calças, já que o telefone deveria estar no seu bolso. Ai meu caro, é batom na cueca! 
E sinceramente eu não entendo porque é que chamam esses aparelhozinhos de telefone. Tiram foto, fazem filme, passam filme, tocam música, serve como teclado, enviam e-mails, mandam mensagens, e por fim dá até para falar neles. Aliás, se você estiver se sentindo muito só, dá pra conversar com eles, que eles te respondem. Por falar nisso, telefone celular hoje, tem a incrível capacidade de afastar quem esta perto. Sai da frente do computador, isto é, se você estiver lendo isso em um computador e não no seu “telefone”, e vá em algum lugar, um café. Café são ótimos para esse experimento. 
Entra lá, senta em uma mezinha, e jure por Deus, que você não vai pegar seu telefone, nem para olhar as horas (esqueci de listar relógio pouco antes), mas vai observar as pessoas, os grupos e casais. 
Na fila, dos 5 no caixa, um conta o dinheiro, um vê as bugigangas por ali e os outros três, estão fazendo alguma coisa com o telefone. No canto, o casal a direita não conversa entre si, estão ambos mandando mensagens texto, para alguém em algum lugar. Na mesa ao centro das 5 gostosinhas que foram se encontrar pra fofocar (repare, mocinhas sempre saem em 5), duas gritam ao telefone, porque acham que estão em casa, e todo mundo tem que agüentar a ladaninha delas. Outras duas trocam mensagem de texto. Uma boceja, e rapidamente pega o telefone e começa a sorrir. Não conversam entre si. Fazem a fofoca com quem não esta ali, sobre aquelas que ali estão. E isso tudo não durará 5 minutos. Pronto! Você poderá ceder à coceira de pegar o seu telefone e mandar um comentário pra este blog.
Dá próxima vez que você sair com um amigo, amiga, amante, grupo, casal, menagé à tróis, sei lá o que mais, para sentar em um barzinho, boteco, restaurante, faça uma aposta com os que estiverem na mesa: todos os telefones deverão ficar no centro da mesa. Não pode tocar neles, nem por um segundo. Nem se chamar (pessoas de plantão não estão convidadas nesse dia). Aquele que pegar o telefone primeiro, paga a conta, seja lá qual for o tamanho dela. E reze para eu não estar na lá, porque eu vou comer muito.
Mas uma coisa realmente me mete medo. Com toda essa tecnologia e informação à disposição em um milisegundo, e a falta de filtro. Parece que tudo é verdade: vi na Wikipédia, li em um blog, google, deu na internet.... e por ai vai. Dá pra qualquer coisa que virar verdade. 
Como disse antes, estamos ficando cada vez mais estupidamente estúpido. 
Google it!
Nostalgia - quando dá saudade de casa, nada melhor que bolo de fubá com café. 
Essencialmente rico com muita facilidade.
 

Acabo de receber um e-mail, de uma das minhas queridas leitoras, com um video que eu não conhecia. É uma série, optei por este aqui. Ana AV, valeu! 

Disconnect to Connect

             

Notas: 
A receita do bolo de fubá é da minha mãe. Simples, fácil e rápido. Não me peça a receita Google it!
A fotografia é de minha autoria.
Música: America Idiot - Green Day
Por Fernando Flitz Katayama, Toronto, On Canada 24 Janeiro 2012


Música do Post

Friday, August 19, 2011

O Bule

É verão, calor úmido dessa cidade gelada no inverno. O sol brilha e as saias e micro-saias estão por aí, soltas pelo ar. A brisa bate refrescante e faz todas as saiotinhas ficarem esvoaçantes no ar. Algumas garotinhas mais saidinhas, sem calcinha, e marmanjos de barba, de olho nelas. Enfim é verão, e em uma dessas tardes resolvi fazer uma sessão pipoca. Há tempos não me dava o prazer de sentar no telão.
Fui ver um filme-documentário. Estava em cartaz no prédio to TIFF. Predião novo, com conceitos arquiteturais bacanas. Predião com cara de intelectual de direita, se é que isso existe. Mas nota-se que teve pensamento nele, que destoa da grande maioria dos edifícios dessa cidade meio sem cara, que é Toronto. Toronto rica por sua característica multicultural, mas com uma arquitetura podre. Dá pra contar nos dedos as obras arquitetônicas, e sobra dedo, se sua mão, não for uma mão-lulesca. Mas o prédio do TIFF é bacana. Foi construído para abrigar o Festival Internacional de Cinema de Toronto, em inglês, TIFF. Complexo com restaurantes, lounge e claro sala de cinemas e pop corns! Tem lógico a lojinha para comprar bugigangas e posters.
Comprei minha pipoca e lá fui eu, assistir o tal documentário. E quando a gente vai ver documentário, é bom ir sem nenhuma expectativa. Tá, a gente sempre espera que seja bom, mas a gente nunca sabe. Tem que assistir para saber.
O documentário do alemão Gereon Wetzel, vai mostar o restaurante El Bulli (El Bulli - Cooking in progress, Alemanha, 2011). El Bulli é um restaurante espanhol, perto de Barcelona. Faz uma comida Avant-garde,  sob o comando do Chef Ferran Adria. Uma comida esquisitona, diferente e exótica. Fecha por seis meses para pesquisa do próximo menu.
O documentário mostra o processo criativo do genial chef e seus cozinheiros. Mostra a página em branco e primeiros croquis. O esboço. O teste. A falha. O redesenho. Mostra a obra de arte por atrás de cada prato. A concepção, o partido. A arte criativa em busca do novo. A escolha de enfrentar um novo desafio. Como em arte não importa muito se gosta ou não, “importa entender” - disse Ferran ao seu exército de funcionários.
Impossível não conectar a culinária à arquitetura, que nesse documentário, deixa evidente, a essência da criação. É possível entender todas as fases do processo criativo até o produto final, e seja ele qual for, um prédio, um objeto ou um prato novo.
Bom apetite.


Notas: Foto: Pastel, feito por mim, para matar a saudade da Terrinha. Um de muzzarela, tomate e oregano, o outro de maça com canela.

Música: Comida -  Titãs

Por Fernando Flitz Katayama, Toronto, On Canada 19 Aug 2011

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